A competitividade é um valor bastante cultuado em nossa sociedade atual, tido como essencial para o sucesso profissional e pessoal. Sair em busca do que se quer é importante mesmo, no entanto, o aumento da competição entre as pessoas e grupos tem acirrado cada vez mais a separação entre os que ganham e os que perdem, os que dominam e os que são dominados.
É possível oferecer (também) às crianças e aos jovens vivências pautadas em valores como a tolerância, solidariedade, respeito mútuo, trabalho coletivo e cooperação, e a aula de Educação Física é uma ótima oportunidade para isso! A competição e a cooperação são modos de agir e estar no mundo, e a competitividade não é o único valor a ser transmitido.
Sabemos que os jogos competitivos também têm seus proveitos, como o desenvolvimento das habilidades motoras, foco, disciplina, controle emocional, concentração etc., além dos benefícios comuns das atividades físicas. Mas, às vezes, nem todas as crianças se divertem, algumas se sentem excluídas por falta de habilidades específicas.
A competição pode estimular a desconfiança e o egoísmo. Quando poucos são bem-sucedidos, criam-se barreiras entre as crianças, reforçando o individualismo e sentimentos de depreciação/rejeição. É claro que esses são fatores a serem trabalhados e superados, não simplesmente silenciados, velados. Há que se saber perder, bem como saber ganhar, mantendo o equilíbrio, a humildade e o companheirismo. O objetivo aqui é incluir jogos cooperativos, e não extinguir os competitivos!
Além dos benefícios compartilhados por quaisquer atividades físicas feitas em grupo, como o aprimoramento das habilidades motoras, disciplina, controle emocional, concentração e benefícios para a saúde, além disso, os jogos cooperativos são inclusivos e têm muito a oferecer!
Nos jogos cooperativos aprende-se a considerar o outro como parceiro, reforça-se a confiança em si mesmo e nos colegas, acontece um aperfeiçoamento pessoal e coletivo! O jogo cooperativo busca aproveitar as condições, capacidades, qualidades ou habilidades de cada indivíduo e aplicá-las em um grupo em prol de um objetivo comum. Gera motivação, alegria, participação, respeito às diferenças, união, criatividade, atitudes de empatia, solidariedade, comunicação etc.
Exemplos de jogos cooperativos:
1- Queimada maluca
Você vai precisar de uma bola macia (se não tiver, pode ser uma bola de meia) e um espaço suficiente para correr sem riscos de choques e acidentes. O Objetivo é “queimar”, não ser queimado e salvar os colegas! Nesse jogo os jogadores terão a oportunidade de vencer, ou de colaborar para que o jogo continue.
O professor joga a bola para o alto e está dado o início. Quem pegar a bola, pode dar no máximo 3 passos para arremessar a bola nos colegas. Aquele que for “queimado” (atingido), deve ficar sentado no lugar. Para salvar, bastará que a criança deixe de jogar no outro e passe para quem estiver sentado (jogar para o outro). Esta então poderá levantar e continuar jogando. Todos os acontecimentos deverão ser anotados para futura análise e discussão em grupo.
2- Bambolê (para os mais novinhos)
Essa brincadeira é parecida com a dança das cadeiras, só que ninguém sai da brincadeira. Para começar, distribua os bambolês no chão, um a menos que o número de participantes. Enquanto toca a música, os alunos devem se movimentar ao redor dos bambolês. Quando a música parar, cada criança deve ocupar o centro de um bambolê, sem que nenhuma criança sobre. Sendo assim, na primeira rodada haverá duas crianças “dentro” do mesmo bambolê. A cada rodada, tire um bambolê do chão, e assim até que todos os alunos, de modo cooperativo, se agrupem, de uma forma ou de outra, dentro de um único bambolê.