O título deste texto é provocativo. Ele não ignora o fato de que ainda estamos lidando com uma grave crise sanitária no combate à COVID-19, tampouco visa fazer terrorismo ou se tornar uma nova teoria apocalíptica. Milhares de pessoas morreram em virtude desta pandemia no país, e ainda estamos longe de conseguir controlar o problema. Milhares de pesquisadores pelo mundo ainda estudam os efeitos da COVID-19 na saúde das pessoas, mas já podemos afirmar que os que mais foram impactados são aqueles considerados como grupo de risco.

 

 

Fazem parte desse grupo todos os que possuem algumas das seguintes comorbidades: diabetes, cardiopatias, hipertensão, doenças ou quadros de imunossupressão etc. Além disso, foram incluídas recentemente na lista pessoas obesas e sedentárias. Sim, o sedentarismo, principalmente porque é um dos fatores que pode desencadear todas as comorbidades já citadas.

 

Enquanto as políticas para mitigar o vírus e não colapsar o sistema de saúde são o isolamento social, a etiqueta respiratória e a proteção de pessoas do grupo de risco, entre outras, quem atua na educação tem o dever de observar e analisar tudo o que aconteceu até hoje, para pensar em como trazer esta discussão para a sala de aula.

 

Quais lições podemos aprender com esta pandemia? Aprendemos que um novo vírus da gripe pode causar um estrago gigantesco na humanidade, conforme já alertavam os especialistas há quase uma década. Aprendemos que o ser humano é capaz de realizar um trabalho coletivo intercontinental e juntar suas forças em um exercício sublime de compaixão para buscar soluções para a presente crise. Aprendemos que, se os impactos não fossem tão violentos para quem está no grupo de risco, a saúde e a economia não padeceriam com a mesma força.

 

Quando tudo isto terminar, quando as coisas começarem a voltar ao normal, ou como dizem, o “novo normal”, teremos que pensar com seriedade na pergunta do título. A primeira ação que podemos tomar é tentar diminuir consideravelmente o número de pessoas que se encontram com alguma comorbidade. Reduzir o número de pessoas sedentárias, obesas e diabéticas não contribuirá somente para amenizar os riscos de uma próxima pandemia, mas trará mais saúde, mais qualidade de vida, além de inúmeros benefícios para a população brasileira. E a ferramenta com o menor custo para combater o sedentarismo é a atividade física.

 

Pena que não é um desafio fácil. Mesmo que o corpo humano seja configurado para se movimentar, ninguém começa a gostar de praticar atividades físicas assim, da noite para o dia. Precisamos manter até à vida adulta esse gosto que existe na infância de forma mais latente, que é o interesse em brincar, jogar, praticar esportes e se exercitar. Proporcionar para que todo cidadão encontre uma atividade física que seja do seu agrado, um esporte para chamá-lo de seu. Em virtude de uma série de fatores, esse despertar acontecerá na escola; uma semente que é plantada na escola, que vamos regando por toda a vida.

 

É por isso que a Educação Física escolar torna-se essencial no currículo escolar brasileiro. Para que possamos despertar este gosto pela prática esportiva, pela atividade física, para que os estudantes possam compreender e gostar do seu corpo, a ponto de querer cuidar dele por toda a sua vida. Dessa forma, é imprescindível que haja políticas públicas que fortaleçam a Educação Física escolar.

 

Que as lideranças que estão tomando as decisões atualmente possam pensar em preparar as próximas gerações para que não sejam impactadas como nós fomos neste ano. Reduzir o número de pessoas que estão no grupo de risco: esta é uma meta comunitária que deveria ser o dever de todos.

 

 

Professor Me. Marcos Antônio Fari Júnior

 

Coordenador pedagógico da Guarani Sport e autor dos livros infantis da Turma do Júnior, coleção que democratiza o acesso de crianças e adolescentes ao universo esportivo. Professor universitário com especialização em Musculação e Condicionamento Físico, é também mestre em Educação. Possui 10 anos de experiência como educador físico, atuando também com o treinamento de voleibol de rendimento.

 

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